top of page

O PLANO INFALÍVEL

São Paulo, 05 de janeiro de 2021. ​ Calos cotistas, investidoles e palceilos,​

Uma das maiores qualidades do Cebolinha, personagem da Turma da Mônica, é a sua persistência. Gibis após gibis, ele e seu fiel escudeiro Cascão tentam, em vão, roubar o Sansão, bichinho de pelúcia da Mônica. ​ Apesar de toda a genialidade desses planos infalíveis, a Mônica sempre acaba descobrindo a armação e brinda a dupla com algumas coelhadas. ​ Laços, filme de 2019, mostra uma outra face da turma. Ao se unirem para investigar o sumiço do cachorro Floquinho, a força da amizade entre as crianças fica muito evidente. “Juntos vocês podem vencer qualquer desafio”, disse o Louco, interpretado por Rodrigo Santoro. Laços nos unem, nos fortalecem. E é impossível não se emocionar com aqueles personagens ganhando vida. ​

A Ideia Maluca Phil Knight, fundador da Nike, não é um otimista. Nem um pessimista. Oscilava entre os dois, sem se comprometer com nenhum. Mas, assim como Cebolinha, era um persistente. Isso é uma das coisas que mais chama a atenção em sua autobiografia “A marca da vitória”. ​ A persistência vinha da vontade de realizar a sua Ideia Maluca. Foi essa vontade que o impediu de desistir quando seus colegas de classe não demonstraram entusiasmo sobre sua ideia em um trabalho final em Stanford. Ou que o motivou a partir, ainda menos de 20 anos do final da 2ª guerra, de Portland para o Japão para fazer negócios sem ao menos ter uma empresa. Ou quando estava perto de perder o seu único contrato de fornecimento de tênis. Apenas uma ideia. Uma Ideia Maluca. ​ Que todos estejam bem Esperamos que todos estejam bem. 2020 não foi um ano fácil sob nenhum aspecto. Ainda teremos em 2021 alguns meses ou trimestres difíceis pela frente, até a maior parte da nossa população ser vacinada. ​ 2020 foi também um ano de muitos aprendizados. E de perceber que vários planos infalíveis do mercado falharam. O maior deles, que o CDI garante a aposentadoria das pessoas, viu o primeiro ano de retorno real negativo (descontada a inflação) na história. ​ A crise econômica e a inflação ainda baixa permitem que a taxa de juros se mantenha em um patamar muito baixo. Sobre a inflação, vimos três choques muito fortes em 2020: um choque de oferta (disrupção da produção por causa da COVID), uma depreciação da moeda e um grande dilúvio na China, impactando os preços de grãos no mundo. Sem esses choques e com o nível ainda alto do desemprego, talvez tenhamos uma inflação ainda baixa em 2021. ​ Um outro plano infalível foi o dólar. Por diversas vezes no ano, ouvimos e ponderamos sobre a sua queda. Afinal, o nível estava muito alto, poderia haver uma reversão à média e alguns estudos indicavam que o câmbio justo estava mais perto de R$4,50. Porém, com uma mudança de política econômica nos últimos anos, o novo equilíbrio brasileiro pedia juros mais baixos e, por consequência, uma moeda mais desvalorizada. ​ A bolsa parecia também infalível no começo do ano. 2020 seria um ano de reformas no Brasil e de um sincronismo de crescimento das principais economias no exterior. A taxa de juros já estava baixa (4,5%) e poderia cair ainda mais. As empresas estavam bem. Mas veio a pandemia. E os planos tiveram que mudar. ​ É verdade que o Ibovespa teve um retorno de 2,9% em 2020 (106% do CDI). Mas a gangorra de preços ao longo do ano e a grande diferença entre o desempenho das ações deixaram o plano mais frágil. Não foi um ano fácil. ​ Planos infalíveis por vezes falham. Nosso estilo de investimento leva isso em consideração. Focamos em teses de longo prazo, que tentam capturar visões diferentes sobre um mesmo tema. A razão para um ativo entrar em nossa carteira nunca é única. E sempre levamos muito em consideração o risco de estarmos errados. ​ O futuro Estamos no começo de um novo ano. É de nossa natureza tentar antecipar o que pode acontecer nos mercados. Previsões podem, muitas vezes, estar erradas. Mas o exercício de refletir sobre os motivos que levam a essas previsões é extremamente válido. ​

  • Governos vão continuar a gastar, apesar da vacina. A retomada da economia mundial pode demorar mais que o esperado. A reação dos governos será da concessão de mais estímulos, talvez tornando alguns permanentes. Discutiremos mais a renda básica universal e os limites da Modern Monetary Theory (MMT).

  • A inflação pode voltar e o Fed não vai subir os juros. É possível que a inflação volte no mundo desenvolvido, que pode gerar preocupações sobre a direção da taxa de juros. Porém, mesmo nesse cenário, o banco central americano (Fed) pode não subir os juros. Não há ainda garantia da recuperação do crescimento, havendo ainda o risco de estagflação (inflação sem crescimento).

  • Estamos vivendo um dos governos mais reformistas dos últimos 30 anos. As reformas econômicas no Brasil devem continuar. Apesar do noticiário do dia a dia, muitas reformas (Previdência, Saneamento e Telecom por exemplo) foram aprovadas neste governo. As eleições municipais sinalizaram a força da centro-direita e aumentaram muito a probabilidade da eleição de um governo alinhado com a agenda econômica atual em 2022. É a Quarta Virada.

  • Preços de commodities podem subir ainda mais. Uma das consequências dos estímulos dos governos é que esse dinheiro tem que parar em algum lugar. Uma parte dele pode ir para investimentos em infraestrutura. A produção de commodities não tem conseguido acompanhar o crescimento da demanda, por conta da falta de investimentos nos últimos anos, que pode levar a preços mais altos.

Seguimos otimistas e confiantes. A bolsa no Brasil começa 2021 mais barata que em 2020. Uma das métricas que olhamos é qual a taxa de retorno implícita da bolsa, comparada com a taxa de juros de 10 anos (equity risk premium – ERP). Isso equivale ao prêmio que o investidor demanda (e recebe) por correr o risco de investir em ações ao invés de um título do governo. Esse prêmio hoje está em 4,4%, um pouco acima dos 4,3% no início de 2020.

Ainda temos muitas dúvidas. A forma e a velocidade da recuperação da economia mundial é uma das maiores. Também não sabemos por que apenas o Cebolinha usa sapatos (e tem dedos nos pés) ou se o Louco existe apenas em sua imaginação! ​ Nossa Ideia Maluca A Nike começou como uma operação de importação de tênis de corrida japoneses nos Estados Unidos. Phil Knight e seu sócio Bill Bowerman analisavam cada pedaço dos tênis e sugeriam alterações para o fabricante, fazendo calçados melhores e mais rápidos. ​ Quando começamos a Dahlia, nossa Ideia Maluca era ajudar a mudar a vida dos brasileiros através dos investimentos, criando produtos com boas propostas de valor, acessíveis para todos e com risco controlado. Também somos persistentes. Seguiremos em nosso caminho. ​ Desde o início, o Dahlia Total Return teve um retorno acumulado de 83,6% (início em mai/18), o Dahlia Ações de 39,1% (jun/19) e o Dahlia Global Allocation de 33,0% (dez/19). ​

Obrigado pela confiança, Dahlia Capital.



CRÉDITOS FINAIS:

Gráficos: Bloomberg e Dahlia Capital







104 visualizações
bottom of page