O teste do marshmallow
- sbeker3
- 7 de out.
- 4 min de leitura
São Paulo, 07 de outubro de 2025.
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O teste do marshmallow

O teste do marshmallow foi um experimento clássico conduzido pelo psicólogo Walter Mischel na Universidade de Stanford, nos anos 1960 e 1970, que buscava investigar o autocontrole e a capacidade de adiar recompensas em crianças. Em um ambiente controlado, cada criança era colocada sozinha em uma sala e recebia um marshmallow, com uma instrução simples: poderia comê-lo a qualquer momento, mas, se conseguisse esperar até que o pesquisador retornasse, ganharia um segundo marshmallow como recompensa. A espera durava cerca de 15 minutos — um tempo curto em termos absolutos, mas longo o suficiente para testar os limites da paciência infantil.
O experimento revelou comportamentos fascinantes. Algumas crianças comiam o doce quase imediatamente; outras tentavam resistir de várias formas — desviando o olhar, cobrindo os olhos, cantando, brincando com as mãos, ou cheirando o marshmallow sem mordê-lo. Décadas depois, os pesquisadores voltaram a acompanhar os participantes e descobriram correlações surpreendentes: aquelas que haviam conseguido esperar tendiam, em média, a apresentar melhores resultados acadêmicos, maior estabilidade emocional e mais sucesso profissional.
Comendo o marshmallow
Um dos temas mais recorrentes nas conversas de mercado atualmente é a eleição presidencial de 2026. Apesar de ainda considerarmos cedo, por dever de ofício, também temos discutido o assunto com analistas políticos e estrategistas eleitorais, buscando entender como o cenário pode evoluir nos próximos meses.
Em nossas discussões, percebemos três pautas comuns que parecem ser mais relevantes:
- Ciclos políticos: ciclos sociais influenciam os ciclos políticos. Nos últimos anos vimos uma guinada nas demandas dos brasileiros, o que caracterizamos na carta “A Quarta Virada”. Esse ciclo parece favorecer uma alternância de poder.
- Matemática: a definição da eleição presidencial em 2022 aconteceu nos estados do Centro-Sul, uma vez que as votações nas regiões Norte e Nordeste permaneceram estáveis.
- Centrão: a relevância dos partidos de centro no Brasil é inegável, pois controlam a maior parte do poder, medido em números de deputados, prefeitos e governadores. O apoio em bloco, caso ocorra, para um candidato pode ser decisivo.
A Quarta Virada
Ciclos eleitorais refletem as prioridades da sociedade, que oscilam entre crescimento, liberdade econômica e igualdade. Em períodos de crise, o crescimento domina a agenda; em tempos de prosperidade, surgem demandas por eficiência e menor intervenção do Estado; e, quando desigualdades se ampliam, cresce o apelo por políticas redistributivas.
Hoje, há um descompasso entre as pautas mais urgentes da população — segurança, inflação e polarização — e a agenda executiva em curso. Nas eleições apertadas, o eleitor de centro tende a decidir o pleito. Campanhas eficazes costumam concentrar esforços em consolidar a base e dialogar com esse grupo. Até o momento, os analistas políticos com quem conversamos veem pouco avanço do governo nessas frentes.
Um pouco de números
A leitura regional do mapa eleitoral continua relevante. Norte e Nordeste, que respondem por 35% do eleitorado, mantiveram comportamento semelhante em 2018 e 2022: o candidato do PT obteve cerca de 65% dos votos, enquanto o ex-presidente Bolsonaro ficou com 35%. Ainda assim, o número absoluto de votos pró-Bolsonaro na região cresceu 1,7 milhão em 2022.
Já o Centro-Sul, com 65% do eleitorado, foi o ponto de inflexão. Em 2018, Bolsonaro teve 66% dos votos nessa região; em 2022, caiu para 57%. A margem que fora de 21,8 milhões de votos reduziu-se para 10,2 milhões — diferença suficiente para inverter o resultado. Bolsonaro perdeu as eleições por uma diferença de cerca de 2 milhões de votos. Pesquisas recentes indicam alta aprovação dos governadores dos principais estados da região (SP, MG, RS, GO e PR), que juntos representam 72% do eleitorado do Centro-Sul.
A força do Centrão
A Federação União Progressista é uma aliança partidária brasileira formada pelos partidos União Brasil (UNIÃO) e Progressistas (PP), ambos de centro-direita, oficializada em 19 de agosto de 2025. Válida por quatro anos, ela representa a maior força política do Congresso Nacional.
O objetivo principal é fortalecer a presença eleitoral nas eleições de 2026, promovendo "choque de prosperidade e modernização do Estado", com foco em geração de empregos, educação, saúde e economia, atuando como uma "bússola ao centro" da política brasileira, contra extremismos.
O UP em conjunto com outros partidos de centro como PL, PSD, MDB e Republicanos controlam cerca de 2/3 do poder no país, incluindo 64% dos deputados federais, 75% dos senadores e 4.054 prefeituras. O mapa abaixo dos resultados das eleições municipais em 2024 ilustra bem essa força:

Segurando a vontade
Apesar de nosso interesse profissional e intelectual sobre eleições, tentamos mantê-lo fora das discussões de posicionamentos dos fundos. O gráfico abaixo mostra o desempenho dos índices de ações brasileiros contra o de países emergentes, que continuam bastante parecidos.

Temas como a fraqueza do dólar, crescimento econômico, inflação, taxas de juros e resultados de empresas continuam sendo os principais fatores que impactam nossas decisões de investimentos.
Como no teste de Stanford, há momentos em que a melhor escolha, para candidatos e gestores, é simplesmente esperar — resistindo à vontade de agir antes da hora.
Nosso Posicionamento
Dahlia Total Return: A alocação segue acima do neutro, concentrada em ativos brasileiros, principalmente ações. Mantemos posições ativas em bolsa, especialmente nos setores de bancos, energia elétrica e cíclicos domésticos.
Dahlia Macro Global: Seguimos comprados em ações dos Estados Unidos e de países emergentes, incluindo Brasil e China. Em outros ativos, seguimos posições aplicadas em juros em emergentes, mas com uma exposição limitada em moedas.
Dahlia Ações: Seguimos 95% comprados em ações no Brasil, em linha com o mandato do fundo. Não fizemos grandes alterações na carteira e seguimos posicionados principalmente em bancos, utilities e cíclicos domésticos.
Agradecemos a leitura, a escuta e a confiança,
Equipe Dahlia
+55 11 4118-3147
CRÉDITOS FINAIS:
Imagem: Chat GPT
Gráfico 1: Folha
Gráfico 2: Bloomberg e Dahlia



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