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CICLOS DE MERCADOS E BOOM DE COMMODITIES

São Paulo, 03 de março de 2021. Caros cotistas, investidores e parceiros,

Na vida nos deparamos com vários ciclos diferentes. Alguns são mais bem definidos, como os calendários e as estações do ano. Outros são um pouco mais subjetivos, como os ciclos da economia e os da vida.


Segundo algumas filosofias, vivemos em ciclos de sete anos, períodos nos quais nossos corpos e mentes mudam. Os primeiros setênios (de 0 a 21 anos) são definidos como setênios do corpo, quando há o desenvolvimento físico e a formação da personalidade individual.


Os setênios seguintes (21 aos 42 anos) são os setênios da alma, quando tomamos decisões importantes, como aquelas relacionadas à carreira ou à constituição de família.


Os setênios dos anos “enta” (quarenta, cinquenta etc.) são mais relacionados a reflexões sobre a vida, retribuições ao que conquistamos e o nosso foco sai de nós mesmos e passa para o cuidado dos outros. Todos esses ciclos são mais subjetivos e bem menos precisos, mas é curioso como nos identificamos com esses momentos. Por que na Dahlia nos interessamos tanto por ciclos? Como falamos sobre o dia da marmota, a vantagem de compreendê-los é que ciclos se repetem, nos oferecendo guias sobre os próximos eventos que podem acontecer. Ciclos de mercado Em uma conversa recente com um estrategista de mercado, nos deparamos com um livro escrito por Peter Oppenheimer, estrategista inglês. Na obra “The Long Good Buy”, Peter descreve os ciclos nos mercados de ações, de forma notavelmente simples e prática. Os ciclos de mercado são muito difíceis de se prever. Pode-se até acertar a previsão do tempo, mas o fato de as pessoas se protegerem ou não da chuva não evita que ela aconteça. No caso dos mercados, “é o comportamento dos investidores e a sua mudança de sentimento que é subestimada nos modelos tradicionais de previsão, e isso que parcialmente explica porque pontos de inflexão em ciclos econômicos e financeiros não são bem antecipados.” George Soros chama isso de reflexividade. A reação dos agentes de mercado impacta o comportamento dos preços de mercado, que impactam a reação desses agentes. Peter divide o ciclo do mercado de ações em quatro fases distintas:

  • Desespero: quando os preços caem num mercado de baixa, antecipando uma grande retração na economia e uma revisão para baixo das estimativas de lucro das empresas. Os múltiplos Preço/Lucro (P/L) caem muito rápido.

  • Esperança: normalmente um período curto (9-10 meses), quando o mercado se recupera das mínimas, antecipando as recuperações da economia e das estimativas de lucro. Os múltiplos P/L sobem. É uma fase marcada por expectativas, já que os dados podem ainda ser fracos. É também quando os maiores retornos na bolsa são obtidos.

  • Crescimento: É uma fase longa (média de 4 anos nos Estados Unidos), na qual a economia e a rentabilidade das empresas se recuperam. Nesta fase, os lucros tipicamente sobem mais rápido que os preços das ações, havendo uma normalização dos múltiplos P/L.

  • Otimismo: É a fase final do ciclo, quando os investidores ficam mais confiantes e, talvez, complacentes. Os múltiplos sobem mais, ou seja, as ações sobem mais rápido que o crescimento de lucro das empresas, indicando o risco de uma nova correção adiante.

Em movimentos de longo prazo, já argumentamos que os preços das ações perseguem os lucros das empresas. Porém, em prazos mais curtos, é interessante notar que, nas diferentes fases do ciclo, podemos ver os múltiplos das empresas se expandido ou se contraindo. Este movimento é determinado mais pela vontade e expectativa dos investidores do que por dados concretos. Será que ainda estamos no crescimento ou já passamos para o otimismo? Boom de commodities A recente alta dos preços de petróleo tem sido parte frequente das manchetes de jornais. Assim como a alta dos preços de soja e milho, ou do minério de ferro e do aço. O que está por trás disso é, em nossa visão, uma alta generalizada de preços de commodities. Os preços de commodities também passam por ciclos. Esses ciclos são impactados pelos ciclos econômicos, mas também são muito influenciados pela dinâmica de oferta e demanda específica de cada uma. O último grande ciclo de commodities foi no início dos anos 2000. O que vimos ali foi uma combinação de três fatores principais: alguns anos de baixo crescimento econômico mundial, queda significativa de investimentos pelos produtores e um grande choque de demanda (migração chinesa do campo para as cidades). Mas por que isso acontece? Tomemos os exemplos dos metais. Um dos problemas do setor é que a velocidade de resposta a um aumento de demanda é muito lenta. Uma mina de minério de ferro que produz 30 milhões de toneladas não consegue, de uma hora para outra aumentar sua capacidade de produção. Na verdade, o aumento de produção vem somente através de investimentos: mais caminhões, mais máquinas e, quem sabe, uma mina nova. Uma mina nova de minério de ferro custa algumas centenas de milhões (talvez bilhões) de reais para ser desenvolvida. E demora. É normal o prazo mínimo do desenvolvimento ser de pelo menos 7 ou 8 anos, desde a sua descoberta. Então, como uma empresa consegue corretamente prever a demanda de seus produtos em um prazo tão longo? Uma das métricas então que observamos para avaliar o cenário futuro dos preços de metais é o nível de investimento do setor. Altos investimentos levam a aumentos de capacidade. Baixos investimentos prenunciam, em algum momento, preços mais altos.


O gráfico a seguir mostra os investimentos das principais mineradoras do mundo, ao longo dos últimos 20 anos.

Em 2012, as quatro maiores mineradoras do mundo investiram quase US$70 bilhões. Apenas cinco anos depois, esse número caiu 75% para US$16 bilhões. Metais não caem das árvores. Saem da terra e às vezes demoram anos até podermos usá-los em nosso dia a dia.


A economia global, puxada pela retomada norte-americana, está se recuperando mais rápido que o esperado. Isso deve fazer com que os mercados de commodities continuem apertados, talvez até por mais alguns anos. O passado Desempenho mais forte da economia dos EUA fez com que as taxas de juros futuras continuassem um movimento de alta. Por se tratar da taxa basal para o mercado financeiro do mundo, sua alta elevou a volatilidade nos mercados acionários, levando a correções. O futuro Acreditamos que os estímulos econômicos no mundo continuarão fortes, mesmo com a sinalização da retomada de algumas economias. A economia americana deve crescer mais que a chinesa em 2021. Isso, ao longo do tempo, deve ser positivo para os ativos de risco, principalmente ações, e também para o dólar. Desde o início, o Dahlia Total Return teve um retorno acumulado de 82,3% (início em mai/18), o Dahlia Ações de 31,8% (jun/19) e o Dahlia Global Allocation de 35,5% (dez/19). Obrigado pela confiança, Dahlia Capital.



CRÉDITOS FINAIS:

Foto: Dahlia Capital

Gráficos: Bloomberg e Dahlia Capital







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