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As Duas Batalhas

  • gtak67
  • 6 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 9 de dez. de 2024

"Um mago deveria saber mais."

— Barbávore, As Duas Torres


São Paulo, 06 de dezembro de 2024.


Caros(as) cotistas e parceiros(as),


No segundo filme da trilogia de Tolkien, “As Duas Torres”, os protagonistas enfrentam desafios

que testam sua força e determinação. Além das ameaças internas e externas a Frodo, o portador do Um Anel, duas grandes batalhas definem o desenrolar da história: o cerco ao Abismo de Helm e o ataque à Isengard.

No Abismo de Helm, um exército de 10.000 orcs tenta destruir o reino de Rohan, mas a resistência de Aragorn e seus aliados, ainda que em menor número, prova ser decisiva. Já em Isengard, os entes — árvores gigantes e pacíficas — decidem agir depois de testemunharem a devastação causada pelo mago Saruman, destruindo sua fortaleza em um ato de retaliação contra a exploração ambiental desmedida.


Essas batalhas são metáforas para as tensões que rondam os mercados atualmente. Disputas entre países, tensões geopolíticas, guerras de fato e decisões governamentais podem gerar impactos significativos nas economias e nos preços dos ativos globais.


Cartão amarelo

Os mercados financeiros frequentemente funcionam como barômetros de confiança global, avaliando em tempo real decisões políticas, eventos geopolíticos e riscos econômicos. Embora não sejam perfeitos, tendendo a reações de curto prazo, eles recompensam previsibilidade e estabilidade, enquanto penalizam incertezas e riscos excessivos.


Uma nova guerra comercial

Hoje, duas "batalhas" principais moldam o comportamento dos mercados: a crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China, e os desafios fiscais enfrentados pelo Brasil. Ambas têm implicações significativas para a economia global e para nossos portfólios.


O presidente eleito Donald Trump reacendeu a retórica protecionista, ameaçando elevar tarifas sobre importações chinesas em 10%. Embora o impacto final dependa de negociações e aprovações no Congresso, a possibilidade de uma escalada nas tensões comerciais é suficiente para gerar preocupações no mercado.


Identificamos três possíveis cenários para essa disputa:


Retaliação Agressiva: A China responde com tarifas equivalentes e embargos a produtos estratégicos, como terras raras. Esse cenário de confronto direto traria impactos negativos ao crescimento global e aumentaria a volatilidade nos mercados.


Negociação Pragmática: Seguindo a dinâmica observada no primeiro governo de Trump, ameaças de tarifas podem resultar em um acordo comercial que inclua mais importações americanas, investimentos chineses nos EUA e proteções para negócios americanos na China. Este é o cenário mais provável (ou o cenário para qual o mercado mais torce) e poderia oferecer uma estabilidade temporária.


Reformas na China: Sob pressão, a China poderia implementar reformas estruturais, como maior transparência e fortalecimento do setor privado. Esse seria um cenário ganha-ganha, mas parece menos provável devido às limitações políticas e econômicas internas da China.


É importante notar que o cenário global de hoje difere de 2016. A expectativa de que a China lideraria o crescimento global e a inovação tecnológica foi moderada, com os Estados Unidos consolidando sua posição como principal força econômica global.


O gráfico abaixo mostra o diferencial de crescimento do PIB nominal entre China e Estados Unidos. Em 2016, a economia chinesa crescia 5-6% acima da economia americana. Hoje, o crescimento americano é 1% maior que o chinês.


Brasil: Governo vs. Sustentabilidade Fiscal

No cenário doméstico, o Brasil enfrenta um momento crítico de ajuste fiscal. O governo anunciou um pacote de corte de gastos estimado em R$ 70 bilhões, em linha com o esperado. Porém, ao mesmo tempo, medidas como a isenção de imposto de renda para pessoas físicas que ganham até R$ 5 mil mensais representam uma pressão adicional sobre as receitas. Essa última isenção será financiada por um aumento de tributação sobre os mais ricos.


A implementação dessas medidas pode enfrentar resistência no Congresso, que historicamente tende a diluir medidas de ajustes fiscais anunciadas pelo executivo. O mercado brasileiro, preocupado com a trajetória da dívida pública, continuará reagindo às sinalizações de avanço ou retrocesso fiscal. A capacidade do governo de equilibrar cortes de gastos com incentivos à economia será essencial para evitar pressões adicionais no dólar e nas taxas de juros.


Um dos problemas fiscais do Brasil é que a relação entre a dívida bruta/PIB já está em patamares elevados. O gráfico abaixo mostra a expectativa do mercado sobre o aumento da dívida bruta nos próximos 5 anos.

O gráfico mostra que os economistas esperam que a dívida bruta brasileira aumente em 12%, chegando a mais de 90% em 2029. Como as revisões sobre o cenário fiscal ainda estão piorando, as estimativas sobre a dívida bruta brasileira devem continuar aumentando.


O futuro

A economia americana continua surpreendendo positivamente. Isso tem impactos importantes para os mercados: os lucros das empresas devem continuar subindo, sustentando o mercado de ações, os juros podem cair menos do que o esperado e o dólar deve continuar forte. Nos próximos meses, com a posse do presidente Donald Trump, teremos mais informações sobre novas políticas do novo governo.


Por aqui, mantemos uma visão cautelosa com a situação fiscal. A reação negativa do mercado ao pacote parece ter tido pouco impacto nos governantes. Observamos um cenário em que a inflação pode continuar subindo no curto prazo. Será difícil que a política monetária, sozinha, controle a inflação. Brasília deveria saber disso.


Dahlia Total Return: Passada a eleição americana e conforme o cenário local foi deteriorando, reduzimos a exposição total do portfólio, mas com grandes mudanças na composição. A posição de Brasil diminuiu e aumentamos a exposição em ações americanas. Enxergamos assimetria positiva nos ativos locais pensando em prazos mais longos, mas estamos preocupados com o curto prazo.


Dahlia Global Allocation: Após as eleições dos Estados Unidos, aumentamos a posição comprada em ações americanas, além do dólar contra moedas emergentes. Continuamos com a tese de excepcionalismo americano e, por isso, mantemos exposição grande aos Estados Unidos, especialmente via ações de Bancos e Tecnologia.


Dahlia Ações: Continuamos a aumentar a exposição em ações que se beneficiam de uma alta do dólar contra o real, reduzindo a exposição em ações mais sensíveis a juros.


Agradecemos a leitura, a escuta e a confiança,


Equipe Dahlia


+55 11 4118-3147













CRÉDITOS FINAIS:


Imagem: Dall-e

Gráfico 1: Bloomberg e Dahlia

Gráfico 2: BCB e Dahlia

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