Os três P’s dos investimentos
- gtak67
- 13 de mai.
- 4 min de leitura
São Paulo, 13 de maio de 2025.
Caros(as) cotistas e parceiros(as),

Os três P’s dos investimentos
Um dos nossos objetivos como investidores é compreender os fatores que impulsionam os mercados no médio e longo prazo, evitando previsões pontuais e curto prazistas. Para isso, utilizamos diversos modelos e processos. Um desses é a lente dos três P’s dos investimentos: Profits (lucro), Policy (política econômica) e Positioning (posicionamento dos investidores).
Profits (lucro) – Em uma super simplificação, o preço de uma ação pode ser determinado pelo produto entre o lucro e múltiplo de mercado (por exemplo Preço/Lucro). O lucro estimado das empresas é um dos maiores explicadores da performance das ações no médio longo prazo.
Policy (política econômica) – na outra ponta da fórmula citada acima, o múltiplo é determinado principalmente pela taxa de desconto e crescimento esperado. A taxa de desconto é diretamente ligada às taxas de juros, que são influenciadas pelas políticas econômicas, como a taxa determinada pelos bancos centrais.
Positioning (posicionamento dos investidores) – este é um componente mais de curto prazo. Em países emergentes como o Brasil, os cenários apenas ocasionalmente são de estabilidade. Na maior parte das vezes, os cenários se alternam entre otimistas ou pessimistas, e o posicionamento dos investidores pode exacerbar esses movimentos.
Nesta carta, vamos tratar da parte de Policy (discutiremos os outros pontos nos próximos meses).
A última alta deste ciclo?
Na semana passada, o Copom elevou a taxa Selic em 50 pontos-base, para 14,75% ao ano, reforçando que a política monetária seguirá em território altamente contracionista por um período prolongado. A decisão refletiu a combinação de inflação ainda elevada, expectativas desancoradas e uma atividade econômica que segue mostrando resiliência, especialmente no mercado de trabalho.
Apesar da alta, o comunicado trouxe uma nuance importante: o comitê passou a enxergar um balanço de riscos mais equilibrado, reconhecendo pressões desinflacionárias, como a queda nos preços de commodities e a desaceleração global. Essa mudança sugere que o ciclo de aperto pode ter chegado ao fim.
No cenário internacional, uma grande variável é a incerteza gerada pela política comercial dos Estados Unidos, que têm afetado de maneira desigual as dinâmicas inflacionárias globais. Por conta disso, o Federal Reserve também adota uma abordagem mais prudente diante das incertezas do cenário global. O banco central americano parece inclinado a manter os juros em patamares elevados por mais tempo, aguardando sinais mais claros da economia.
Por outro lado, outros bancos centrais ao redor do mundo têm mostrado maior flexibilidade, interpretando os choques de tarifas e preços como eventos exógenos de demanda, o que abre espaço para políticas monetárias mais acomodatícias.
Outro fator relevante é a continuidade da queda dos preços do petróleo em relação aos níveis de 12 meses atrás. Este movimento tende a reforçar as pressões desinflacionárias ao longo dos próximos trimestres, contribuindo para um ambiente global mais benigno no médio prazo.
Apesar das incertezas, o mercado já precifica que o ciclo de cortes de juros já se inicia no final deste ano, acelerando em 2026, como mostra o gráfico abaixo, que reflete a curva futura de juros:

Dois modelos, mesma conclusão
Na Dahlia também observamos modelos que acompanham as mudanças nos regimes de mercado. Regime de mercado é o conjunto de condições predominantes que definem o comportamento dos preços e dos investidores em determinado período, como tendências, volatilidade e correlações.
Esses regimes acompanham variáveis como crescimento econômico, preços de commodities ou níveis de juros. Dois de nossos modelos indicam um regime positivo para a bolsa no Brasil nos próximos meses.
O primeiro deles analisa o que acontece com o Ibovespa, dada a decisão do COPOM, com relação à SELIC. Há quatro opções possíveis: queda e alta de juros, manutenção após uma alta e manutenção após uma queda.
O gráfico abaixo mostra a performance do Ibovespa, dividida em cada um dos quatro regimes acima. Desde 2010, o melhor regime para o Ibovespa foi aquele no qual o Banco Central mantém a SELIC estável após uma alta, que pode ser confirmado a partir da próxima reunião do COPOM em 18/jun.

O segundo modelo analisa qual o desempenho do Ibovespa quando a taxa de juros de 5 anos está acima ou abaixo da SELIC (é a inclinação da curva de juros). Esta relação indica como o mercado enxerga quais os próximos passos da política monetária.

Praticamente, toda a alta do Ibovespa desde 2010 aconteceu quando os juros de cinco anos estavam abaixo da taxa SELIC. Esse regime mudou no final do mês passado.
Posicionamento
Dahlia Total Return: Diminuímos a exposição total da estratégia, reduzindo ações nos Estados Unidos. No Brasil, aumentamos a posição comprada em ações, mantendo posições em juros e na moeda. Seguimos principalmente com posições ativas em ações no Brasil.
Dahlia Global Allocation: Reduzimos exposição em geral em ações e moedas. Apesar da redução do risco e da volatilidade, nossa carteira é focada em ações internacionais.
Dahlia Ações: Seguimos 95% comprados em ações no Brasil, em linha com o mandato do fundo. Não fizemos grandes alterações na carteira e seguimos posicionados principalmente em bancos, utilities e cíclicos domésticos.
Agradecemos a leitura, a escuta e a confiança,
Equipe Dahlia
+55 11 4118-3147
CRÉDITOS FINAIS:
Imagem: Chat GPT
Gráfico 1: Bloomberg e Dahlia
Gráfico 2: Bloomberg e Dahlia
Gráfico 3: Bloomberg e Dahlia
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